Suprimentos chegou ao Seculo XXI
No
século passado, mais precisamente na decada de 80, e parte da decada de
90, o Setor de Suprimentos, era visto como o Departamento de Compras, e
por isto, trabalhava como tal.
Independente e distante dos demais
setores das empresas, procurando sempre obter o preço mais barato nem
que fosse preciso comprar além do que precisava.
A esta pratica, dava-se o nome de compras econômicas, oportunistas, ou ainda pior, de compras estratégicas.
Este comportamento levou muitas das empresas na época, a manterem em seus estoques matérias primas, muito dispendiosas e caras.
Com
a Globalização da Economia, nossos estoques, passaram a ficar ainda
mais caros, principalmente após a liberalização das importações
implantadas pelo Governo Collor. Isto veio e serviu para nos mostrar uma
nova realidade.
Algumas
empresas, de médio e pequeno porte, tiveram que fechar suas portas pois
o preço das matérias-primas locais, era quase o dobro quando comparado
com o que se trazia de fora.
Esta
tão famosa politica protecionista, que imperava, até esta recente
abertura dos Portos, fez com que as empresas não se preocupassem muito
com os processos produtivos, e ou, com a evolução da produtividade dos
equipamentos, que eram e se tornavam cada vez mais obsoletos e
sucateados.
Não
havia a troca nem tampouco a preocupação da troca por equipamentos mais
modernos e melhores, uma vez que podiamos passar para o preço do
produto acabado toda a nossa ineficiência.
Esta
pratica protecionista também fez com que os famosos Setores de Compras,
ficassem, igualmente, por um bom tempo, trabalhando de forma ineficaz, e
tendo como única e exclusiva politica, o papel de comprar pagando mais
barato.
Com
a chegada dos R3, famosos ambientes integrados, (SAP, Oracle, Data Sul
etc), começamos a experimentar algo novo, e que ainda parecia ser um
modismo e que todos acreditavam que não fosse “pegar”.
Eram Sistemas muito caros e dificeis de implementar.
Nesta
época então experimentamos de tudo, desde os MRPS caseiros (IBMS) até
softwares independentes, que procuravam nos mostrar nossa ineficiência
prometendo muito, e deixando sempre muito a desejar.
Com o tempo aquilo que achavamos ser passageiro, pegou.
Eram
verdadeiros exércitos de consultores, trabalhando nas empresas,
tentando empurrar pacotes, e, por sua vez as empresas comprando
softwares sem muito saber qual seriam as vantagens e se ocorreriam os
tão anunciados beneficios.
Realmente
foi a era de ouro, para as grandes coorporações, que gastavam alguns
milhões de dolares, para ter em sua empresa os já tão famosos sonhados e
anunciados R3.
As empresas de consultoria e de implementação de softwares se multiplicavam e surgiam as centenas.
Tendo
sérios problemas para adaptar, configurar e parametrizar os softwares
na maioria (estrangeiros), para atender a nossa “facil e descomplicada”
Legislação fiscal, pois diferentemente da maioria dos outros paises,
temos impostos e taxas, a perder de vista.
Finalmente foram implementados e com sucesso.
Mostravam sua eficiência e muita gente boa perdeu seu emprego sendo substituido pelos famosos R3.
Era a época do tão famoso Down Size.
Após a implementação dos R3 (Ambientes Integrados) começava então uma nova onda e já se ouvia falar da onda do Supply Chain.
Isto ocorreu no final do Século XX, por volta dos anos 1998 e 1999.
Era
e é, uma ferramenta poderosa, que se bem utilizada, preve e nos mostra
onde podemos aumentar os lucros e ter retorno bastante compensador para
quem o implemente.
Veio
então a seguir, o que eu chamo de uma revolução no conceito de Compras e
que finalmente iria mexer com os famosos senhores feudais.
A Cadeia de Supply Chain (traduzida de forma errada como Cadeia de Logística) se fundamenta basicamente no Planejamento.
Planejamento
da Produção, Planejamento de Compras (estoques), Planejamento de
Expedição e Entrega no seu cliente, Planejamento da Logistica interna e
externa, e Planejamento das mercadorias que devem retornar o que é
chamado de Supply Chain Reverso.
Ela
vai alem do nosso sistema tradicional, e avança para dentro do
Fornecedor do meu Fornecedor, procurando atuar em todos os pontos da
cadeia, desde o recebimento da matéria-prima, do pedido do cliente até a
sua entrega perfeita a ele. (Perfect Orders)
O
Setor de Compras então iniciava uma nova jornada, e passava a ter
realmente maior importância, pois deixava de atuar de forma estanque e
isolada para se reunir nos famosos times de S&OP (Sales and
Operational Planning) criados então e mantidos até hoje.
Estes
times de S&OP, se reunem semanalmente para analisar a vida do
cliente, as tendências de vendas, e colocam em uma única sala, numa
reunião comum, todas as áreas envolvidas com uma finalidade única de
“atender ao cliente” da forma mais rápida, eficaz e com menor custo,
fazendo as correções de percursso necessárias.
O
Setor de Compras então passou a fazer parte destes times e começou a
ter papel de grande importância nas decisões e nestas correções de rumo.
Passou
a ser visto também como um ponto de entrada de informações importantes
que se dá através de fornecedores comuns, que trazem e levam informações
preciosas do mercado e para o mercado.
Trazem
noticias de tendências, de produção, de lançamentos, de novidades de
embalagens existentes, e de novas opções de fornecimento.
Os
homens do Setor de Compras passaram a encarar a atividade de forma
diferente do passado e estão hoje, sempre buscando agregar mais valor e
maior economia em todos os pontos da cadeia produtiva.
O
Setor de Compras passou a trabalhar em conjunto com o pessoal de
P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e a ser um grande aliado dos
Gerentes de Produto e de Marketing, mostrando e informando as novidades,
oportunidades e mostrando as alternativas de novas embalagens e novos
produtos.
As
empresas se deram conta da grande importância, de haver uma perfeita
integração entre todos os setores, (Produção, compras, vendas,
planejamento, distribuição, contabilidade, fiscal, custos, etc) e que
antes trabalhavam de forma estanque, cada uma tentando obter resultados
individuais e departamentais, e passaram a promover esta integração.
Foi bastante complicada a mudança, pois exigia primeiramente a mudança de cultura algo que demora a acontecer.
Foram
feitos treinamentos com equipes especializadas, onde se viam homens de
mão dada, e chorando como crianças, nos famosos feed backs.
Passaram-se
quase cinco anos para que esta integração, realmente se tornasse
realidade; e para que os objetivos departamentais fossem superados em
prol dos objetivos e resultados da empresa.
As
empresas perceberam o grande valor de uma compra bem feita, e ao se
comprar errado, (maior ou menor quantidade) o resultado pode ser
catastrófico.
Na
maioria das indústrias quimicas, a matéria prima e o material de
embalagem representam de 85% a 95% do custo do produto, mostrando então
que todo e qualquer erro, em uma compra, poderá ser o diferencial entre
ter lucro ou amargar no prejuizo.
Hoje não se fala mais em comprar produtos de qualidade, pois isto é condição minim exigida de um fornecedor.
Custos
antes veiculados à compra de determinados produtos (análises de
qualidade, devoluções, retrabalhos) já estão sendo cobrados dos
fornecedores ou descontados das faturas a serem pagas.
Alianças
Estratégicas e contratos com fornecedores, foram praticamente os
ultimos passos, para a quebra de paradigmas e para que a mudança
cultural realmente ocorresse nos compradores do Século Passado.
Hoje
temos fornecedores que comandam os nossos estoques, através de seus
sistemas colocando os famosos VMI, (Vendor Managed Inventory) e não
deixando que nossas linhas de produção, sofram interrupção e/ou paradas
por desabastecimento.
Hoje estes serviços são necessários para que você continue na disputa deste mercado de competição tão acirrada.
Temos
hoje que buscar obter savings em todos os pontos da cadeia, desde
suprimentos até a saida do lixo, e isto só é possivel quando você
trabalha com fornecedores íntegros e capazes e com uma equipe motivada.
A relação com os nossos fornecedores é franca transparente, e honesta, porém sem perder sua integridade moral e ética.
Quando
você trabalha em compras você acaba fazendo e tendo relacionamento
estreito e amigável, junto aos seus fornecedores, que passam a também
ser alguem próximo de você.
O
cuidado que se deve ter sempre é o de não ficar muito amigo, e acabar
dando noticias que você não quer que sejam passadas aos seus
concorrentes.
Lembro
finalmente que todas as transações comerciais, são feitas por pessoas, e
entre pessoas dependendo do humor e da qualidade das pessoas, que você
tem como colaboradores para acontecer.
O Setor de Relações Humanas, portanto, tem e deve ter papel fundamental neste contexto.
Ao
tratar bem seu funcionário, com uma politica adequada e justa você terá
mais chance de vencer, pois terá um aliado, e mais um vendedor de seus
produtos em sua empresa.
Acyr Ragugnetti Filho